Cultura, território e trabalho coletivo marcam o 2º cine-debate em Diadema
Encontro do projeto Economia Solidária e Economia Criativa reuniu artistas, movimentos sociais e poder público no Centro Cultural Taboão.
O projeto Economia Solidária e Economia Criativa – Interfaces realizou, no dia 6 de dezembro, seu segundo cine-debate, desta vez em Diadema, no Centro Cultural Taboão, em parceria com o Coletivo Calundu. O encontro deu continuidade à proposta do Instituto Paul Singer de percorrer municípios paulistas promovendo espaços de escuta, troca de experiências e reflexão sobre trabalho, cultura e organização coletiva a partir dos territórios.
Formado por artistas e trabalhadores da cultura ligados ao teatro, à contação de histórias e à cultura popular, o Coletivo Calundu atua de forma horizontal, com base na autogestão e na participação ativa nos espaços de construção cultural da cidade, como o Movimento de Cultura de Diadema e o Conselho Municipal de Cultura.
O cine-debate abriu o diálogo com pessoas que praticam no cotidiano valores centrais da economia solidária, mesmo sem necessariamente se reconhecerem a partir desse conceito. O encontro em Diadema evidenciou como as práticas da economia solidária já estão presentes no cotidiano de coletivos culturais. Muitas pessoas não usam esse nome, mas vivem no dia a dia a autogestão, a solidariedade, a horizontalidade e a democracia. O cine-debate permitiu reconhecer essas práticas e colocá-las em diálogo.
A programação do dia foi marcada pela integração entre prática e reflexão. Pela manhã, o coletivo organizou uma feira com a participação de artistas e produtores culturais da região, criando um ambiente de circulação, encontro e ocupação do espaço público. À tarde, o cine-debate reuniu pessoas que haviam participado da feira, além de artesãs, agentes culturais, representantes do poder público e trabalhadores ligados a políticas de inclusão social pelo trabalho. A experiência concreta da feira ajudou a materializar, no corpo e no cotidiano, temas que seriam aprofundados na conversa.
Durante o encontro, foi exibido um trecho do filme Compartilhar o Pão, da coleção Memórias da Economia Solidária, produzido pelo Museu da Pessoa em parceria com o Instituto Paul Singer. O vídeo recupera a experiência das fábricas recuperadas no ABC paulista, com destaque para Diadema, reconhecida como um dos berços da economia solidária no Brasil, a partir do depoimento de Arildo A partir daí, o debate avançou para reflexões sobre organização coletiva, acesso a financiamento, fortalecimento de redes culturais e os desafios enfrentados por trabalhadores e trabalhadoras da cultura.
Também estiveram em pauta as políticas públicas de fomento cultural e de economia solidária, como os editais VAI, ProAC, Lei Aldir Blanc e Lei Paulo Gustavo, além da discussão sobre como essas políticas poderiam dialogar mais diretamente com formas coletivas de organização. O grupo refletiu sobre a importância de modelos de financiamento que considerem a oralidade, os saberes territoriais e as práticas coletivas, imaginando caminhos possíveis para editais que integrem economia solidária e economia criativa de forma mais inclusiva.
O cine-debate em Diadema reafirmou a potência do encontro entre cultura e economia solidária quando observado a partir das práticas reais dos territórios, mostrando que identidade cultural, trabalho coletivo e democracia cotidiana são dimensões inseparáveis desses processos.
Próximos encontros do projeto
12/12 — 9h | Araraquara
Auditório do SEBRAE — Av. Maria Antonia Camargo de Oliveira, 2903
Parceria: Coletivo Mãos que Criam
15/12 — 18h30 | São Carlos
Centro Público de Economia Solidária Herbert de Souza “Betinho” — Rua José Bonifácio, 885
Parceria: Instituto Janela Aberta e Fórum Municipal de Economia Solidária de São Carlos
17/12 — 12h30 | Osasco
SENAC Osasco — R. Dante Batiston, 248
Parceria: ATEMDO – Associação de Trabalhadores em Domicílio da Economia Solidária
+ Projeto Economia Solidária e Economia Criativa inicia série de cine-debates em São Paulo
Texto de Marcus Oliveira.


