O Instituto Paul Singer é formado por familiares do “professor” – como era chamado por muitos -, pessoas que conviveram com ele, compondo suas equipes, pesquisadores e militantes próximos que sempre atuaram sob os mesmos valores.
Os que conviveram com Paul Singer sentiam-se continuamente convocados a agir. Esta convocação tornou-se ainda mais intensa nos últimos anos de vida do professor, quando o contexto político, econômico e social mundial, mas especialmente no Brasil, tornou-se ainda mais desafiador para os defensores da solidariedade, da democracia e da justiça.
Não foram poucas as vezes que Singer pedia para que nos reuníssemos e pensássemos coletivamente como enfrentar os imensos desafios colocados ao final da segunda década deste século, retomar o diálogo e a valorização da democracia. Pensar com ele significa pensar com o trabalhador-intelectual, com aquele que sonha o socialismo democrático e realiza a economia solidária. O refugiado que recusa o lugar do ressentimento e afirma o pertencimento ao lugar que o acolhe. O operário que se forma na experiência da organização coletiva. O professor que aprende sempre. O intelectual que não dissocia a teoria da prática, o militante que enxerga a organização política como celeiro de mudança. O gestor público que produz tensões no campo político porque recusa todos os dogmas e se mantém coerente.
As obras de Paul Singer provocam encantamento, assim como a sua presença também provocava. Sua atitude atenta, empática e questionadora levava pessoas das mais diversas culturas e origens a avançar em suas reflexões e práticas, sempre orientadas por uma utopia militante que produz outro mundo possível. Os que conviveram com Singer não poucas vezes o perceberam como o candeeiro que ilumina caminhos.
O que estaríamos fazendo com Paul Singer se ele estivesse aqui hoje? Esta é a convocação a que atendemos com a criação do instituto que leva seu nome. Uma de suas últimas realizações foi o longo depoimento que concedeu para filme documentário sobre sua vida. A determinada altura, diz ele “a pretexto do filme, estamos aqui a trocar ideias”. É a isso fundamentalmente que se propõe o Instituto Paul Singer: criar muitos pretextos para que as pessoas troquem ideias e, com base nelas, elaborem possibilidades, construam o mundo mais justo, solidário e democrático.